
Durante a seca, as pastagens perdem vigor, o capim seca e o gado, com fome, busca qualquer tipo de alimento verde. É nesse cenário que um inimigo silencioso se destaca: as ervas tóxicas.
Mesmo sem parecer perigosas, essas plantas podem causar sérios danos à saúde do rebanho desde abortos e lesões até a morte súbita.
No Tocantins, essa realidade já trouxe prejuízos. Em Porto Nacional, por exemplo, o produtor José Pereira perdeu uma bezerra de três meses, vítima provável de intoxicação por planta venenosa. A história foi relatada pela Secretaria da Agricultura e Pecuária do estado, que alerta os pecuaristas para o risco crescente nas pastagens durante o período seco. Fonte: Governo do Tocantins.
O que são ervas tóxicas e por que surgem?
As ervas tóxicas são plantas que, quando ingeridas, causam intoxicações nos bovinos. Muitas não são atrativas em tempos normais, mas durante a estiagem, quando o capim escasseia, elas se tornam uma das poucas opções verdes no campo.
Essas plantas possuem substâncias químicas que afetam o fígado, o coração, os rins ou o sistema nervoso dos animais. A intoxicação pode ser leve ou fulminante, dependendo da planta, da quantidade ingerida e das condições do animal.

As ervas mais perigosas do Tocantins
No estado, a principal vilã é a Palicourea marcgravii, conhecida como cafezinho, erva-de-rato ou café-bravo. Ela tem alta palatabilidade e age rapidamente: o animal pode morrer minutos após o consumo, com sinais como tremores, convulsões e movimentos descoordenados.
Outra planta comum é a samambaia (Pteridium aquilinum), que parece inofensiva, mas pode causar anemia grave, sangramentos, tumores e até câncer em bovinos. Seu consumo prolongado leva à chamada “hematúria enzoótica”, quando o animal urina sangue.
Ambas crescem com mais força após queimadas e se mantêm verdes na seca, chamando a atenção dos animais famintos.
Como identificar, prevenir e agir?
Evitar a intoxicação é mais simples e barato do que lidar com as consequências. Veja algumas orientações práticas:
- Não deixe o gado com fome. A principal causa do consumo dessas plantas é a escassez de alimento.
- Cerceie áreas de mata ou capoeira. São os locais onde essas plantas costumam crescer.
- Evite queimadas. Elas estimulam a rebrota das plantas tóxicas e aumentam sua toxidez.
- Guarde ração, milho ou sorgo para o período seco. Isso reduz o risco de os animais buscarem plantas alternativas.
- Tenha apoio técnico. Se não souber identificar uma planta suspeita, consulte um agrônomo ou veterinário da região.
Em caso de suspeita de intoxicação, isole o animal, evite movimentá-lo (o esforço pode agravar o quadro) e procure ajuda veterinária o quanto antes.
Cuide da sua produção antes que o prejuízo aconteça
As plantas tóxicas representam um risco real, especialmente em estados como o Tocantins, onde o período de seca é prolongado. A boa notícia é que estamos entrando no período chuvoso e podemos nos prevenir para a próxima época de secas.
Leia mais: Visitas em campo: como acompanhamos de perto o resultado nos rebanhos
Inspecionar o pasto, manter uma alimentação mínima e buscar orientação técnica são atitudes que salvam vidas e evitam perdas financeiras.
Se quiser aprofundar ainda mais seu conhecimento, confira os materiais da Secretaria da Agricultura e da Embrapa sobre o tema ou fale com um técnico Brasfós. Proteger seu rebanho começa com informação e atitude.


