Quais os sintomas da leptospirose em bovinos?

A leptospirose é uma doença silenciosa que tem impactos devastadores na pecuária bovina. Causada por bactérias do gênero Leptospira, é uma infecção que afeta a produtividade do rebanho, comprometendo a reprodução, a produção de leite e a saúde dos animais. Além disso, por se tratar de uma zoonose, pode ser transmitida para humanos, tornando-se uma fonte de preocupação para os produtores, e também para a saúde pública.

A doença tem diferentes formas de se apresentar, podendo ser aguda, subaguda ou crônica. O diagnóstico precoce é essencial para evitar prejuízos e garantir a sanidade do rebanho. Mas, afinal, quais são os principais sintomas da leptospirose em bovinos?

Sintomas reprodutivos: um alerta para o produtor

A leptospirose está entre as principais causas de perdas reprodutivas no rebanho. Um dos sinais é o aumento dos casos de aborto, especialmente a partir do quinto mês de gestação. A infertilidade acaba dificultando a prenhez e reduzindo a taxa de natalidade do rebanho.

Outro sintoma é o nascimento de bezerros fracos, prematuros ou natimortos. 

Em alguns casos, as vacas apresentam retenção de placenta, o que pode prejudicar a sua recuperação no pós-parto e aumentar o risco de infecções. 

Quando a infecção é causada pelo sorovar hardjo, os abortos podem afetar até 10% do rebanho. Já o sorovar pomona tem potencial para impactar até 50% dos animais, tornando o controle da doença ainda mais difícil.

Redução na produção de leite: um impacto direto na pecuária leiteira

A queda na produção de leite é um dos primeiros sinais clínicos da leptospirose em rebanhos leiteiros. As vacas infectadas apresentam uma redução significativa no volume produzido, além de alterações na qualidade do leite, que pode ficar espesso, amarelado e coagulado. Em alguns casos, a mastite surge como uma complicação secundária, sem resposta aos tratamentos convencionais, dificultando ainda mais a recuperação do animal.

Para os produtores que dependem da pecuária leiteira, esses sintomas representam um impacto direto na rentabilidade. A redução na produção, somada às perdas reprodutivas, compromete a eficiência do rebanho e pode gerar prejuízos irreversíveis se a doença não for controlada a tempo.

Sinais clínicos gerais e formas de apresentação da doença

A leptospirose pode se manifestar de forma diferente em cada animal, variando conforme a fase da infecção e a idade do bovino. Nos casos mais agudos, comuns em bezerros, os sintomas incluem febre alta, falta de apetite, icterícia e urina escura devido à hemólise, um processo que destrói as células vermelhas do sangue. O animal pode apresentar fraqueza e perda rápida de peso, comprometendo seu desenvolvimento.

Na forma subaguda, a febre é moderada, a icterícia pode ser mais leve e há uma queda na produção leiteira. Já na forma crônica, os principais sinais envolvem manifestações reprodutivas persistentes, além da eliminação da bactéria pela urina por até um ano, facilitando a disseminação da doença no ambiente e aumentando o risco de novos casos.

Diagnóstico e tratamento: como agir diante dos primeiros sinais

Identificar a leptospirose exige atenção aos sinais clínicos e a realização de exames laboratoriais. Métodos como soroaglutinação microscópica, ELISA e PCR são utilizados para confirmar a infecção. Como a doença pode apresentar sintomas semelhantes a outras enfermidades, o diagnóstico correto é essencial para definir a melhor estratégia de controle.

O tratamento envolve o uso de antibióticos como estreptomicina e dihidroestreptomicina, que ajudam a reduzir a eliminação da bactéria pela urina e minimizam a transmissão para outros animais. No entanto, a eficácia do tratamento depende da rapidez na identificação da doença. Quanto mais cedo a infecção for detectada, maiores as chances de evitar complicações mais graves.

Prevenção: a melhor forma de proteger o rebanho

Controlar a leptospirose exige um conjunto de medidas preventivas que vão além do tratamento dos animais infectados. A vacinação é um dos principais recursos para evitar surtos, devendo ser realizada em bezerros a partir dos quatro meses de idade, com reforços semestrais.

O controle de roedores também é fundamental, já que esses animais são importantes reservatórios da bactéria. Além disso, é essencial evitar que o gado tenha acesso a áreas alagadas ou fontes de água potencialmente contaminadas.

Manter boas práticas de manejo, investir na higiene das instalações e garantir um monitoramento constante do rebanho são atitudes indispensáveis para reduzir o risco de infecção e preservar a produtividade da propriedade.

A leptospirose em bovinos é uma ameaça silenciosa, mas com impactos significativos na produção pecuária. Abortos, infertilidade, queda na produção de leite e sintomas sistêmicos são alguns dos sinais que devem servir de alerta para os produtores.

Diante de qualquer suspeita, o diagnóstico precoce e a intervenção rápida são essenciais para minimizar os danos e proteger o rebanho. Mais do que tratar os animais doentes, a prevenção é a chave para manter a sanidade do rebanho e garantir a sustentabilidade da pecuária a longo prazo.

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