suplementação a pasto

A suplementação na pecuária de corte é uma ferramenta essencial para maximizar o ganho médio diário (GMD) dos animais, otimizando a produção e garantindo maior rentabilidade. No entanto, o sucesso dessa estratégia não depende apenas de cálculos financeiros, mas também da correta execução e gestão dentro da fazenda. A estrutura da propriedade e a capacidade operacional influenciam diretamente os resultados da suplementação.

A Importância da Suplementação na Pecuária de Corte

A suplementação tem como principal objetivo corrigir deficiências nutricionais da forragem, fornecendo os nutrientes necessários para o máximo desempenho dos bovinos. Seu impacto pode ser observado na melhora da taxa de lotação dos pastos, no aumento da produção total de carne por unidade de área e na melhoria da qualidade da carcaça. Além disso, uma suplementação eficiente pode facilitar a transição para confinamento, reduzindo o período de terminação.

Fatores Críticos para o Sucesso da Suplementação

Disponibilidade de cocho por animal: influencia o acesso ao suplemento e evita competição.
Frequência e horário de fornecimento: pode ser diário ou semanal, impactando a rotina operacional.
Qualidade do suplemento: a formulação deve ser adequada para garantir máxima eficiência nutricional.
Gestão da suplementação: monitoramento do consumo para identificar desvios e ajustar o manejo.

Períodos Críticos para a Suplementação a Pasto

Durante a estação seca ou o inverno, ocorre uma redução na qualidade e quantidade das pastagens, exigindo estratégias para minimizar os impactos negativos no rebanho. Algumas soluções incluem:

Diferimento de pastagens: reservar áreas para serem utilizadas na seca.

Pastagens de inverno: cultivo de aveia, azevém e outras forragens adaptadas.
Estocagem de forragens conservadas: produção de feno e silagem para manter a oferta nutricional.

No entanto, o diferimento da pastagem não resolve todos os desafios, pois a qualidade nutricional da forragem pode diminuir ao longo do tempo.

Dicas para Implementação Eficiente da Suplementação

  1. Verifique a fase e o objetivo da produção do rebanho
  • Cada categoria animal tem exigências nutricionais distintas.
  • Definir o foco da propriedade (cria, recria, engorda ou produção de leite) é essencial para ajustar a estratégia.
  1. Analise os nutrientes disponíveis na forragem
  • O planejamento forrageiro é fundamental para evitar deficiências nutricionais.
  • A análise bromatológica permite identificar quais nutrientes estão em falta e definir a suplementação necessária.
  • Deficiências de proteína, fibra ou energia podem impactar negativamente o ganho de peso e a reprodução.
  1. Considere a qualidade e a quantidade de forragem disponível
  • Forragens de baixa qualidade podem exigir suplementação proteica e energética.
  • Caso a quantidade de forragem seja insuficiente, a suplementação torna-se indispensável para evitar perda de peso.

Tipos de Suplementação e Exigências Operacionais

Tipo de Suplemento Área de Cocho Frequência de Fornecimento
Baixo consumo (0,1 a 0,2% PV) 10 a 15 cm/cabeça Semanal
Alto consumo (0,3 a 0,5% PV) 25 a 30 cm/cabeça Diário
  • Suplementos de baixo consumo exigem menos infraestrutura, mas podem ter menor impacto no GMD.
  • Suplementos de alto consumo aumentam o GMD, porém exigem maior área de cocho e manejo intensivo.

Gestão Financeira e Planejamento do Fluxo de Caixa

  • Estratégias de maior consumo exigem planejamento financeiro detalhado.
  • O pecuarista deve considerar: 

Custo inicial para adaptação estrutural.
Desembolso contínuo para aquisição dos suplementos.
Capacidade financeira para manter a suplementação ao longo do tempo.

Resultados de Pesquisas com Suplementação

Novilhos Nelores suplementados com 1,5g/kg PV tiveram melhor desempenho do que aqueles que receberam apenas sal mineral.
Ganho médio diário com diferentes estratégias de suplementação:

  • Sal mineral: 0,630 kg/dia.
  • Suplemento proteico: 0,812 kg/dia.
    Suplementação proteico-energética (6g/kg PV) aumentou o ganho de peso para 1,06 kg/dia contra 0,77 kg/dia no grupo controle.
    Na seca, a suplementação melhora a digestibilidade da fibra em 45 a 65%, tornando a forragem mais aproveitável.

Conclusão: Suplementação Estratégica para Melhor Produtividade

  • A suplementação deve ser encarada como um investimento estratégico, não apenas um custo adicional.
  • Cada escolha no manejo influencia diretamente o desempenho e a rentabilidade do rebanho.
  • Monitorar a qualidade e disponibilidade da forragem permite ajustes mais eficazes na suplementação.
  • A adoção correta da suplementação reduz perdas na seca e melhora a eficiência geral do sistema produtivo.

A implementação de uma suplementação eficiente pode ser o diferencial entre uma fazenda que apenas mantém seus animais e outra que atinge altos índices de produtividade e lucratividade. O sucesso depende da integração entre estratégia nutricional, infraestrutura adequada e planejamento financeiro bem estruturado.

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